sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Saudades da Feira de Ciências...

As escolas contemplam em seu calendário escolar um período para eventos que comumente chamávamos de Feira de Ciências, que hoje em dia foi rebatizado de Mostra Pedagógica, afinal, não era apenas para mostrar projetos puramente científicos e sem feedback com o público, e sim, deveriam ter um embasamento teórico-prático de toda a informação capturada e assimilada como conhecimento para que o aluno aprenda a ser e aprenda a aprender. Lembro-me dos trabalhos de botânica e Zoologia, onde mostrávamos curiosidades sobre a ciência, lembro dos projetos das outras disciplinas tradicionais, jogos de matemática, maquetes de vulcões, cidades e acidentes geográficos. Nada daquela época é comparável ao uso de computadores e tecnologia empregados hoje me dia, isso era algo fora de nosso alcance nos idos de 80. Nossa, como podíamos sobreviver sem uma Internet ou sem o Google? Existia vida antes disso? Sim caro leitor, e sou prova viva disso. A bicicleta foi minha companheira inseparável, juntamente com meu estilingue e meu ímpeto de acertar garrafas enquanto estava andando de bicicleta. Retomando o curso do texto, quero parabenizar os professores da nova geração de projetos pedagógicos, nunca a frase Panis at circencis esteve tão em ênfase. Antigamente os alunos se engajavam no projeto através da coordenação de um professor e este ditava os rumos que o projeto deveria seguir, os alunos obedeciam meio que mecanicamente, no entanto havia  a vontade e o desejo de ver o projeto pronto e exibi-lo, havia um consenso de que deveriam mostrar algo científico. 

Os pais olhavam para os projetos e mesmo com a certeza de quem olha um trabalho não-profissional, tornava-se a melhor coisa do mundo pelo fato de seus filhos estarem participando. Os pais diziam: Nossa, você esteve ótimo, meu filho!, ou então, Você estava linda, filha! Tirei muitas fotos suas!. Hoje o panorama é diferente, não se tem mais layouts de projeto escolar delimitado por alunos, isto não lhes pertencem mais, tudo está a cargo de profissionais que o dinheiro pode pagar. E como são maravilhosos os projetos pedagógicos atuais. São superproduções, jogos de luz, som impactante, Projetores multimídia, vídeos postos em sequencia para que o público sinta o impacto da informação, temos marketing, posicionamento e organização dignos de empresas, o show busines chegou na escola, são gastas quantias antes inimagináveis aos bolsos de nossos pais. Hoje são contratados profissionais de ponta para enfeite e ambientação de um projeto pedagógico, que com toda a parafernália tecnovisual, o principal fica de fora, ops! O Pedagógico... lembra dele? Pois é, pão e circo para as massas, queremos ver shows de dança e poesia, vamos desconstruir a idéia do científico, isso é passado, o presente vem carregado de miçangas, plumas e paetês, rostos pintados e uma vontade louca de ser estrela. Ãh? O pedagógico? Vai bem obrigado! Claro que existem ainda projetos circenses com ótimas propostas educacionais e que fazem a diferença em escolas, isso junto a profissionais do mais excelente gabarito. 

Mas o que me preocupa, é a fase negra em que se encontra o saber científico, justamente na chamada Era da Informação, em que o saber tecnológico e o controle da informação são cruciais para o sucesso. Sem mais delongas, deixe-me ir, afinal, a bicicleta, o estilingue e as garrafas me chamam.